quarta-feira, 16 de novembro de 2011

carta muito antiga

.



quando cresceres, amor?,
e, eu serei velho,

quando souberes o que queres,

ou não souberes,

mas te aceitares assim,

e isso é ser crescido,

e,

porque te aceitas

não precisares, já, que te aceitem,

e não lutares contra os outros

porque estás bem contigo;

quando aceitares a tua verdade

e com ela alicerçares a tua vida

porque nada

podes construir

sem ser sobre a verdade;

quando puderes gritar p'ra ti

"eu sou assim!"

e não p'rós outros,

porque isso só a ti custa, a mais ninguém,

e ninguém melhora nem piora a tua vida

quer te aceitem ou não,

Amiga,

estende-me a tua mão,

e,

se eu, de cabelos brancos, for ainda criança,

porque saber como se faz é fácil

mas é difícil fazer,

espera por mim até eu crescer,

e,

quando te estender a minha mão,

construamos

então,

sobre as nossas verdades,

não importa o quê:

uma grande amizade, que tu não sabes, mas não temos,

um grande amor, que julgo não teremos,

ou,

simplesmente,

um maravilhoso momento de merecida calma.

augusto, um entre mil

10 comentários:

Maria Trindade Goes disse...

Senhor,

para a semana aqui voltarei mas agora vou para outras terras ainda não sei de cavalo e elmo na cabeça a combater moínhos, se de burro e sensatez a resguardar ilusões.

Não interessa,

com toda a calma vos deixo os meus respeitos.

Maria Trindade Goes disse...

perdoai, que não sei como veio este nome da casa pequena aqui parar...a propósito tenho que ver se a arejo.
Quando tiver tempo...


com licença!

ana disse...

Venho agradecer a sua visita e aproveito para dizer que o poema é bonito porque apela à serenidade.

ana disse...

O desenho é igualmente fantástico. É da sua lavra?

O Árabe disse...

Muito bom, Augusto! Aceitar a si mesmo talvez seja o segredo da vida... e da serenidade. :) Meu abraço, boa semana!

~pi disse...

Carta que se abre por dentro dum poço

E logo se torna... água.







~

Justine disse...

Carta muito actual...
Abraço
(como sempre belíssimo, o trabalho gráfico)

O Árabe disse...

Boa semana, amigo. Meu abraço.

Maria Trindade Goes disse...

Senhor,

é esta vossa carta muito sábia, tanto que não tem Tempo nem Idade.

É o que acho, sem ter certezas porque isso me tem ensinado a multiplicação dos cabelos brancos embora não saiba se sou ou não crescida porque enquanto quem está à minha volta pensa que neste momomento estou a teclar notas da conferência que um senhor que se vê como competente está a dar,

como ledes estou aqui em vossa casa, ou seja, a minha verdade não é igual aos que me rodeiam e isso é coisa que não me importa mesmo nada ainda que dissessem e digam que estou fora do espírito do grupo que é muito atento e acredita que há milagres (corações ao alto e volta Sebastião que estás perdoado, manda aí o Mourinho e o Ronaldo cantarem um fado Universal, sem ofensa para o fado, bem entendido).

Talvez logo, na calma da lareira, se me perguntarem se foi interessante, eu responda que não faço ideia porque não liguei ponta de corno, olha quem, parece um disco riscado.

E pronto, Senhor, se quiserdes podeis entrar na casa pequena que entretanto arejei, ou passear pelas paisagens que são gente.
Fazei o que vos aprouver desde que aceiteis sem culpa nem espelho partido, os vossos apetites.

Os meus verídicos respeitos.

bettips disse...

"occasionally" vou ver os comentários ao outro lado, das coisas à solta (ainda há outro lado terceiro - tudo isto é um triângulo de mim que tenho dois lados, uma base, mas que de base mudo e de lados me ensarilho - íntimo para onde vou embuçada de menina desiludida) e lá dei com as tuas palavras amenas.
Começamos assim uma espécie de namoro de palavras, gostas destas, eu gosto de outras, às vezes cruzamos nostalgias.
(e como notei que na 20ª linha o pequeno erro "tia" em vez de "ti" modifica o belo sentido que dás a este "alinhado" de "se" ou "porque" nos quandos da vida (e vou atrás, ao velho Rudyard Kipling
"... se queres manter a tua calma quando
todo o mundo ao redor já a perdeu
e te culpa...",

será da tua época ??? é da minha; evidente que na altura tinha um significado adolescente - agora estou muito menos tolerante

e quase versejava nestas frases soltas!!!)
pronto, dizia eu com a possível delicadeza de - apenas - quem é uma entre mil, que corrijas essa troca de letras.
Abraço