sábado, 24 de setembro de 2011

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vivi com ela tantos anos.
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olhava-me nos olhos
e, sem palavras,
eram carícias o seu olhar.


desprendido, nunca lhe perguntei o nome.
foram dias,
meses,
anos.
agora
já não mora cá.

curioso,
inquieto sem saber porquê,
quis saber como se chamava.
perguntei a conhecidos e amigos.
talvez tão distraídos como eu
quase não se recordavam dela.
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mas, encontrei na escada
a velhota que mora aqui ao lado.
que eu estava diferente, disse-me ela.
fiz-lhe, sem grande esperança, a mesma pergunta.
sim, vizinho, sei quem ela era,
pois se a vi tantos anos aqui consigo.
o seu nome era Felicidade.




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5 comentários:

Justine disse...

Homem, que amargura! Mas uma amargura meio doce, meio resignada...
(obrigada pela explicação -tardia mas a tempo - sobre a foto!)

São disse...

Felicidade: mas existe???

Um abraço

O Árabe disse...

Assim muitas vezes, acontece, amigo: só depois que ela se vai, descobrimos que estava conosco. :) Meu abraço, boa semana!

Lizzie disse...

Senhor:

a velhota sabia porque chegou ao tempo em que percebe as coisas pelo seu contrário e, se calhar, porque se dá ao luxo de se interromper (mais para os outros do que para ela) e por isso tem tempo para olhar para a luz e para a sombra e ver-lhes os pormenores.

Coño, como é que se percebe o frio se sempre se teve calor e a modos que vice versa?

Eu cá acho bom que as pessoas se sentem e gozem as suas felicidades enquanto duram. Têm prazo de validade curto por isso...

engraçado que os espanhóis digam alto quando têm que dizer: estou contento! estoy feliz!

Ai, enfim "cá vamos andando"...

E fico contente de vos mandar os meus respeitos.


(E a propósito de Espanha,que já estou atrasada para montar no pássaro branco) para a semana comentarei os vossos outros aqui em baixo...se não os fechardes:)

Marina disse...

:)
dia feliz!
:)