poucas coisas devem ser mais devastadoras para cada um que fechar os sentimentos com a chave do silêncio. Porque para lá das grades, há uma voz que grita e não se ouve embora toda a gente tenha a pretensão que é entendida no canto que julga ouvir.
Porque julgar conhecer implica o conforto da segurança. Pode-se calar até o medo comprando ou vendendo uma aparência, coisa tão comum na vida domesticada que cada um e a seu modo tem. Uns porque têm que ter, outros porque escolhem tê-la, outros porque assim-assim. O assim-assim pode ser determinante quando não se vive numa ilha deserta.
Senhor, este vosso tocou-me muito porque tem sido uma das circunstâncias de eleição nos meus trabalhos. Posso estar a ser pretenciosa mas acho que tal dicotonomia tem moído as pessoas desde Adão e Eva e respectiva descendência. Até agora e assim será depois.
E porque, por acaso, nesse passeio de Cacilhas, vi duas vezes resumos da maldade humana, aquela inerente que se mostra nua e sem maquilhagem. Coisa que se ajusta à miséria daquele cenário (infelizmente) degradado. (Grande história vos contaria daquela degradação se é que também não a sabeis...)
Mas depois, penso nas coisas boas que também lá tenho sentido e lá faço o percurso para o petisco ou jantar.
Despretenciosamente vos envio os meus mais sentidos respeitos...
e parabéns também pela fotografia em que cada pormenor fala por si cantando também em coro.
Às vezes, as paredes. Falam tanto a verdade que julgamos ter feito NÓS o desenho. E somos mil milhões de desenhos, desenhos e desejos que fomos vivendo. E há sempre medo de atravessar um rio que corre.
A casa, essa existe: é na Quinta da Aveleda, em Penafiel onde vou uma ou duas vezes por ano, ver camélias, ver outonos.
A minha, não existe: esta é a do pensar, das fotos, lugares, coisas sem importância que tanto amo. E me foram apontando os anos, cinco já. Sem objecções, sem pretensões, escrevo o dia - ou os silêncios. Ou as noites - e os barulhos. Ou hiatos que sei. Rumorejar as folhas ou a memória. Abç da bettips
5 comentários:
Senhor:
poucas coisas devem ser mais devastadoras para cada um que fechar os sentimentos com a chave do silêncio.
Porque para lá das grades, há uma voz que grita e não se ouve embora toda a gente tenha a pretensão que é entendida no canto que julga ouvir.
Porque julgar conhecer implica o conforto da segurança. Pode-se calar até o medo comprando ou vendendo uma aparência, coisa tão comum na vida domesticada que cada um e a seu modo tem. Uns porque têm que ter, outros porque escolhem tê-la, outros porque assim-assim. O assim-assim pode ser determinante quando não se vive numa ilha deserta.
Senhor, este vosso tocou-me muito porque tem sido uma das circunstâncias de eleição nos meus trabalhos. Posso estar a ser pretenciosa mas acho que tal dicotonomia tem moído as pessoas desde Adão e Eva e respectiva descendência. Até agora e assim será depois.
E porque, por acaso, nesse passeio de Cacilhas, vi duas vezes resumos da maldade humana, aquela inerente que se mostra nua e sem maquilhagem.
Coisa que se ajusta à miséria daquele cenário (infelizmente) degradado.
(Grande história vos contaria daquela degradação se é que também não a sabeis...)
Mas depois, penso nas coisas boas que também lá tenho sentido e lá faço o percurso para o petisco ou jantar.
Despretenciosamente vos envio os meus mais sentidos respeitos...
e parabéns também pela fotografia em que cada pormenor fala por si cantando também em coro.
Pois não, nunca conhecemos o outro. Há sempre uma zona de solidão intransponível em cada um de nós...
[a observação da tua colega há 400 anos era pura inveja! e a tua observação sobre adopções extemporâneas também:)))))]
Abraço
Às vezes, as paredes. Falam tanto a verdade que julgamos ter feito NÓS o desenho. E somos mil milhões de desenhos, desenhos e desejos que fomos vivendo.
E há sempre medo de atravessar um rio que corre.
A casa, essa existe: é na Quinta da Aveleda, em Penafiel onde vou uma ou duas vezes por ano, ver camélias, ver outonos.
A minha, não existe: esta é a do pensar, das fotos, lugares, coisas sem importância que tanto amo. E me foram apontando os anos, cinco já. Sem objecções, sem pretensões, escrevo o dia - ou os silêncios. Ou as noites - e os barulhos.
Ou hiatos que sei.
Rumorejar as folhas ou a memória.
Abç da bettips
Assim é... e quantas vezes disto nos esquecemos! :) Boa semana, meu abraço.
é impossível conhecer uma pessoa na sua totalidade porque, na maioria dos casos, as próprias nem se conhecem
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